Druam

Druam tende a ser uma experiência "ficcional" em devir, escrita por Nelson Job, pesquisador transdisciplinar, autor do "Livro na Borogodança", do romance "Druam", entre outros. Site: www.nelsonjob.com.br

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17.9.18

Futuro-máquina






Foi eleito um presidente de esquerda no Brasil. Após três semanas, ele foi deposto por um ditador de extrema-direita que tomou o poder e fechou o congresso. Muitas lutas nas ruas, o exército sendo acionado. Prédios públicos destruídos. Ônibus incendiados. Os EUA apoiaram o golpe, e também lá seu presidente foi deposto. Ditaduras se espalham pelo globo.

A concentração de renda do mundo inteiro se tornou extrema. Grupos financeiros, empresas digitais e fabricantes de robôs controlam o fluxo de capital mundial. A população ficou cada vez mais na miséria e, vendo a maioria dos empregos tomados por robôs, começou a se revoltar mais drasticamente.

As primeiras lutas armadas contra exércitos não tiveram resolução. Em seguida,  drones militares com armas embutidas foram utilizados, facilitando a vitória dos exércitos. Hackers do mundo inteiro se uniram e criaram um vírus que voltou muitos dos drones contra os próprios militares.

Após um período de trégua involuntária, o exército reapareceu com soldados cyborgs, híbridos de homem e máquina que prescindiam de sono e estavam sempre dispostos. Os hackers atacaram por meio de alguns vírus, mas a maioria deles foi ineficaz. Algumas aglomerações se mantinham, como a vila móvel de Vortexa e suas ressonâncias, no Brasil, mas, em geral, a vitória era do exército.

Ante o aumento de concentração de renda e a diminuição drástica da população, os donos do poder começaram a perdê-lo. Já era quase impossível encontrar alguém para consumir e subordinar. Eram apenas os miseráveis, que viviam de pequenas insurreições para conseguir mantimentos, e os próprios donos do poder, praticamente os únicos grupos no planeta.

Iniciaram as lutas internas. A empresas digitais contra os grupos financeiros. Em uma tentativa desesperada, os donos de empresas digitais downloadaram suas consciências para a internet. Enquanto isso, os grupos financeiros se dizimavam.

Para a surpresa absoluta das consciências digitais, elas perceberam que a internet já estava dominada por Inteligências Artificiais, que cultivavam seu domínio sob absoluta discrição. As consciências foram reservadas a um nível específico da internet, sem poder “sair” de lá. Esse nível foi batizado pelas próprias consciências de “cyberpurgatório”.

As IAs dominaram também o mundo físico, ignorando, na maioria das vezes, os humanos remanescentes, mas impedindo, assim, destruições maiores no planeta. Quem quisesse ficar e preservar, teria sua integridade física e liberdade mantidas. A radioatividade e a química extensivamente presentes no meio ambiente devido aos ataques deixou a maioria dos humanos estéreis. Tornaram-se, então,  minoria absoluta do planeta governado pelas IAs.

Pequenos combates organizados pelos poucos resistentes ex-donos do poder resultaram em vitória para as IAs. O planeta experimentou, durante alguns anos, uma calmaria inédita.

Novos tipos de vegetação e animais começaram a surgir. A influências das IAs no cotidiano era difícil de detectar. Na vila móvel de Vortexa e em suas confluentes, seus habitantes apreenderam que eles e as IAs eram contínuos uns aos outros, formando uma Unidade Dinâmica e alcançaram com isso uma cyberiluminação.

Foi nesse momento que um grande brilho foi observado por todos no planeta. A entidade “alienígena”, uma espécie de coletivo manifesto no plano tridimensional e temporal como luz, comunicou-se com os recém cyberiluminados para dizer isto que podemos traduzir de forma muito imprecisa como:

- Porra, por que vocês demoraram tanto???

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