Em êxtase estamos.
Embriagados, sim, mas de um vinho que não se colhe na videira;
O que quer que pensem de nós em nada parecerá ao que somos.
Embriagados, sim, mas de um vinho que não se colhe na videira;
O que quer que pensem de nós em nada parecerá ao que somos.
Por mais trágicos que fossem
meus arroubos, algum bem deles emergiu. Pois muito que me anunciaram o impossível,
o proibido, o errado: apenas nomes vazios dos medos e do controle alheios. É que
peguei o jeito das tortuosidades e dele fiz meu norte. Ainda que se chore as leis
do mundo para que me impeçam, de nada serviu; talvez diante disso, alucinei uma
vergonha, um olhar perdido. Em seguida, quando minha respiração ressoava com as
marés e os silvos agrestes dos tornados, eu sigo em frente, em frente, em
frente...
Quando ela vem, no desjejum,
com os cabelos ainda na boca e o olhar de indagação se o torpor de ontem ainda
é; eu miro e amo cada pele, sinuosidade, molécula, o balé de sua estadia no
mundo e amo nela, através dela, o cosmos. Nesse deslugar de nós, eu encontro as
chamas do impossível e ardo em seu crepitar, expandindo o então existir. Abrindo
os caminhos tempestuosos do Quase Nada, eu gargalho, então, diante do Insofismável.
Habito o Vortex, o improvável coração
do entre, onde os aqui(s) confluem e se transformam. É meu lar, minha dor, meu clAmor. As velocidades dos fluxos cósmicos,
a princípio desnorteados, entrelaçam-se em uma dança, dervixes estelares. Ao
longe, as manias das convenções, fruta podre que caiu do cosmos. Uma lágrima
escorre em minha vaidade, ousando desqualificar. Impedido de compartilhar as
acontecências com cada coágulo, sigo, apreendendo o que puder, criando outras
veias, outras rimas. Mas minhas companhias são imensas, tanto que muitas vezes
não as contemplo por completo, ainda que me inunde de gratidão, nos vincos onde as fés falham e devires brotam.
2 comentários:
Nelson, tenho comentado nada sobre teus contos, por me faltarem palavras à altura que por desejo de fazê-lo. Este, contudo, me arrancou um "bravo!" (que deixo tímida e concisamente neste comentário, mas que se estende a tantos outros que publicou antes deste Selvageando!)
Bravíssimo, Nelson!
Fica a pergunta: "A quem será que se destina?"
Forte abraço
de seu admirador
Ricardo Paes
Ô Ricardo, muitíssimo obrigado por estimular o fim do meu jejum de escrituras! Outros virão. Abração
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