Druam

Druam tende a ser uma experiência "ficcional" em devir, escrita por Nelson Job, pesquisador transdisciplinar, autor do "Livro na Borogodança", do romance "Druam", entre outros. Site: www.nelsonjob.com.br

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10.4.11

Expalavrar

O escritor escreve o mundo que desmunda em torno dos T(t)empos. O escritor esporra em palavras suas dores e quereres, exagera o exagero, copulando com a frase. O escritor, grávido de mundo, explode em mundos, desgovernando a língua. Correm-se cores, gritos, poesias perdidas, deletes insones,

(uma pausa em nome da musa inspiração, um porre pra musa piração, uma canção longa e trôpega pra musa que atravessa a rua agora)

correm-se sobretudo sentidos que esperam uma frase inclemente que os desvirtuem do Sentido, alterando direção, forma e apetite. O escritor esconde-se do conceito, para não se viciar, mas contempla o infinito, ameaçando vingança. Ele olha para os interstícios do cosmos e espera a hora de agarrar a mais estranha narrativa, clama para as letras que hoje, a Criação ganha novos ares e ais e bugalhos. The Nothing rules?

O escritor para diante do clichê. Odeia, odeia e odeia, mas o beija na boca, arrancando pedaços de lábios esconjurados, para guardar aquele sangue para algum capítulo, quem sabe, estrofe (?), intermezzos. O clichê, óbvio mas opaco, circunda o escritor. Ele, o escritor, está cercado. Ajoelha e clama por despalavrar, única arma que lhe resta. O escritor ruma ao Interior Inóspito e não sabe mais nada. Pode palavrar o impalavrável? Ai que saudade de mim, re-flete o escritor. Não posso mais ser Eu, se quiser vencer o clichê. O escritor sai de si, despalavradamente louco. O mergulho no torto de si degenera em Outra Língua. Eis que a opacidade do clichê se vai, o Escritor emerge, aturdido.

Não sabe mais quem é, personagem de si-mundo. Preço pequeno a se pagar, diante da inscrita-excrita-escrita-proscrita. O Escritor contempla o incomensurável (mais uma vez? Nunca estive aqui, mas a tenho a sensação que já vivi situação semelhada...). Percebe-se nesgas de fluxos, que compõe frases-melodias em uma sintaxe atonal. O Escritor inflexiona um trans-lugar e se aloja em seus aquis. Temporariamente. Tempo de ser-escrita, outra vez inédita.

2 comentários:

Carol G. disse...

Lindo texto :)Visceral, poético e o melhor:o que vem à cabeça? e ao coração?parece que foi criado assim.
Pra mim, literalmente "Outra Língua"!
Acho que no fundo vc ama a Psi..(o que vc quiser) rsrs.Não é só um flerte não, é um caso de amor!=D
beijos

Nelson Job disse...

Ténks, Carol! Nunca deixei de ser psicólogo, só tento ser de Outro Jeito... Bj.