Druam

Druam tende a ser uma experiência "ficcional" em devir, escrita por Nelson Job, pesquisador transdisciplinar, autor do "Livro na Borogodança", do romance "Druam", entre outros. Site: www.nelsonjob.com.br

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20.8.11

Rep(f)úd(g)io


esse conto foi publicado também no Cosmos e Consciência,
 pois aqui literatura e filosofia se fundiram plenamente


Só há refúgio fingido.

Pois sim, as Luzes. Ficamos viciados nas luzes, seja as da razão, seja as que iluminam a noite, prática fatigante de Iluminismo. A Noite guarda segredos desveláveis, mas as luzes os afastam. Se adentrássemos os mais profundos obscuros da Noite, não precisaríamos nos preocupar com a energia. Ela acaba? Ela tem fim? As luzes como refúgio é a falácia mais costumeira. Vício de consciência. Pois nem apreendemos o Inconsciente em sua plenitude. Há tantos belos por lá...

Claro, o amor. Eheheh... perdoem-me se pareço debochado, mas o “desamor” é vendido por trágico, mas é apenas patético. Confunde-se meio e fim. Os seres não são “objetos de amor”, mas o meio para o amor que nunca foi fim, muito menos refúgio, todo o contrário, o amor que pulula entre os seres, o Amor Cósmico, não refugia nada, é puro Impulso.

Sofregueio; então, corro pro seio da família. Se todos nascem das mães, essa imensa linhagem materna só indica que todas foram copuladas pela linhagem paterna, evidenciando o cosmos como grande trepada cósmica. E eu perco tempo em me refugiar na família? Rascunho mau feito das cirandas dos ventos?

A quem grasne a relevância da sociedade. É muito Tarde pra entenderem, Gabriel? A sociedade fractaliza as relações: relações hídricas de hidrogênio com oxigênio, relações gramaticais de poesia e verbo, relações sexuais de alma e corpo. O Amor, tal qual o socius, são a Relacionalidade elevada infinitamente ao Infinito.

Refugiando nas leis do socius, apenas se acovardam diante do Impulso, quase incessante, acontecente. As leis fingem seriedade, mas são tristes brincadeiras em que repousam os amedrontados. As leis são organizações contextuais agrupadas após o Terremoto. Ah! Que venha o Próximo! Que me ensine a dançar melhor!


Vamos então às preces? Ora, as religiões - quando muito - apenas servem pra nos Religar ao Impulso. 

Há quem diga: a arte, mas ela nunca se prestou a refúgio, talvez refúgio dos não-refugiados, aqueles que pouco se importam com isso. Quem busca refúgio na arte não a entende, e ela não se dá mesmo ao trabalho...

Busquei uma vez o refúgio em mim, só pra redescobrir tudo o que disse agora.

2 comentários:

Carol G. disse...

Há refúgio e pra mim o mais legítimo e confiável é esse que vc diz ter encontrado dentro de si ;)

Bela reflexão :)Não muito otimista...se bem que não sei mais classificar uma coisa e outra..não importa.

beijos

Nelson Job disse...

Valeu Carol! Ser no Impulso (quem sabe, devir), é o otimismo, sem garantias...