Druam

Druam tende a ser uma experiência "ficcional" em devir, escrita por Nelson Job, pesquisador transdisciplinar, autor do "Livro na Borogodança", do romance "Druam", entre outros. Site: www.nelsonjob.com.br

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13.4.12

Natural



“And I'd fall at your feet
And I'd howl at your beauty
Like a dog in heat
And I'd claw at your heart
And I'd tear at your sheet
I'd say please, please
Leonard Cohen

Cheiro, olhar.

Ela suspira ao vê-lo, as palavras de ambos escorrem em prenúncio, exalando faíscas.

Ele olha com desejo em ternura, uma combinação muito própria, que apenas ela suscitava. A conversa era pretexto para pequenos toques, ainda que demorados. Uma mão que pegava a do outro, coxas que se deslizavam.

Os corações e eletricidades coreografavam em uníssono, pedindo ao Natural do encontro que este se estreitasse.

O sorriso belo com tênue angústia dela solicitava subliminarmente que ele avançasse. O beijo é inevitável, longo, molhado. As mãos sentiam os suores que despontavam, pois bastava um beijo, para que o mundo desaparecesse, e só restassem eles. A partir daí, não havia juiz possível; o casal era cúmplice de seus torpores.

Os corpos eram despidos em uma diáspora de peças: calcinha, camisa... Cores ainda insistiam na penumbra, que adensava junto com o desejo.

Ele beijava a boca, o pescoço, o seio, que se impunha, majestoso. Ela gemia, arfava, ainda mulher, coexistindo fêmea. O beijo encontrou os Outros Lábios, ela ardia, louca. Ele se torna rispidez de corpo, necessária. O pau adentra, conquistador entre fluidos que atestam o prazer, cuja intensidade era medida pelas unhas dela que cravavam nas costas as marcas do encontro. Cada estocada é uma onda dadivosa, tornando-os cada vez mais Um, que, simultânea e gradativamente, Explode.

Ela sente o corpo perdendo seu ser, toda a carne em êxtase e grita seu orgasmo ecoando com todos os amantes que em algum lugar eram semelhantes. Em agradecimento, toma o pau pra sua boca, o beija lentamente, quase todo, deixando-o tonto, esvaindo o ego. É aí que, enlouquecido, a toma por trás e berra “Cú!” penetrando-a com força, fazendo-a urrar no limite impensável entre êxtase e dor, submissão e permissão, suas mãos frágeis agarram o lençol, torcendo-o fractais às suas entranhas.

A orquestração os conduz rumo à outra posição, ele a coloca sobre si e joga seu quadril pra cima, fazendo ambos, canal e membro, se encontrarem mais uma vez, ela agarra fortemente o braço do homem, ele bate e segura dono da bunda esplêndida da mulher, ambos gritam, arfam, suspiram, contemplam o nascimento de estrelas, de galáxias, a ejaculação explode bucetamente, pra finalmente desabarem na cama, elétricos, exaustos, plenos.

Entreolham-se, reconhecendo-se um no outro, se beijam ecoando o amor através de seus corpos, enebriando o quarto. Acariciam-se cabelos, os toques são ternos, ainda que intensos. Sorriem, brilham, abraçam-se. Sussurram singelas confissões, eles se pertencem, visceralmente alegres. Todo o cosmos se refez, às suas vontades.

2 comentários:

Maria Cristina de Resende disse...

Interessante.......

Carol G. disse...

"..visceralmente alegres.Todo o cosmos se refez 'as suas vontades".

Prospectivo e feliz,naturalmente feliz..o conto
Será?

Muito bonito e sensível seu texto!
beijos